terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Coluna do Prof. Caito Kunrath

Bom dia leitores!
   Conforme havia escrito semana passada, a coluna de hoje engloba aspectos históricos do nosso futebol e sua constante evolução.
   Boa leitura e boa semana à todos!

 ORIGEM E EVOLUÇÃO

   O futebol foi transplantado para o Brasil por Charles W. Miller, um brasileiro de origem inglesa. Aos dez anos de idade, Miller foi enviado à terra de seus pais para freqüentar a escola. Quando voltou a São Paulo, em 1894, trouxe em sua mala uma bola de futebol. (Caldas, 1990, p. 22)
   No início da difusão do futebol brasileiro, somente os ricos tinham acesso à prática do esporte; não podia ser diferente, porque os ingleses faziam parte da elite da sociedade do centro do país.
    A primeira etapa do processo de formação da cultura organizacional do futebol brasileiro é caracterizada pelo surgimento dos clubes. No Estado de São Paulo, entre os anos de 1894 e 1899, nascem os primeiros quatro: o São Paulo Athletic Club, que Charles Miller, associado do clube, implantou; a Associação Atlética Mackenzie, o Sport Club Internacional e o Sport Club Germânia. Carraveta (2006, p. 24)
    A partir daí, o futebol começa a ser cada vez mais popular, juntamente com o início do século. Com o processo de urbanização da sociedade brasileira, o futebol obteve mais investimento em virtude do capital europeu nas principais cidades brasileiras. (Caldas, 1990)
    Sobre o jeito de o brasileiro jogar futebol, Peçanha faz importante relato:
   “Os nossos passes, os nossos pitu’s, os nossos despistamentos, os nossos floreios com a bola, o alguma coisa de dança ou capoeiragem que marca o estilo do brasileiro de jogar futebol, que arredonda e adoça o jogo inventado pelos ingleses e por outros europeus jogado tão angulosamente, tudo isso parece exprimir de modo interessantíssimo para psicólogos e os sociólogos o mulatismo flamboyant e ao mesmo tempo malandro que está hoje em tudo que é afirmação verdadeira do Brasil” (Peçanha, 1938 s/p. apud Soares (19--?), texto digital)
  Um aspecto importante é a luta pelo profissionalismo do futebol no Brasil. Dando o primeiro passo, o então presidente do América Futebol Clube, o Sr. Antônio Gomes de Avelar, em 1932, tornou pública a idéia de levar o profissionalismo para seu time, sendo que os jogadores brasileiros já eram assediados pelas investidas dos Europeus, onde já havia profissionalismo no futebol. (Caldas, 1990)
    Sobre o surgimento da figura do preparador físico, Ianni (2008, texto digital) comenta:
  A figura do preparador físico surgiu na década de 50, até então era o técnico o responsável pelo condicionamento físico do time. Na Copa do Mundo de 1954, algumas seleções contavam com a presença de preparadores físicos, que atuavam juntamente com o técnico, com a finalidade de dirigir as atividades físicas da equipe. Na seleção brasileira, em 1958, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos), convidou um professor, ex-jogador de futebol, que atuava como treinador em um clube do Rio de Janeiro, para auxiliar o técnico da seleção. Foi, portanto o primeiro preparador físico do Brasil. Com o resultado do mundial, surgiram os primeiros preparadores físicos nos clubes brasileiros. Mas nessa época tinha-se o conceito de que o preparador físico deveria ser um homem forte, com hábitos rudes, e que deveria exigir o máximo dos jogadores em atividades extenuantes, onde não se verificava os aspectos científicos do treinamento físico.
   Segundo Ianni (2008, texto digital) “era comum de se ver nos clubes os preparadores físicos militares (coronéis, majores, capitães, tenentes, sargentos e até mesmo policiais civis)”.
    Com o insucesso do Brasil na Copa do Mundo de 1966, muita coisa pode ser observada. Somente o aspecto técnico não era mais fundamental para se vencer uma Copa do Mundo. Outro agravante foi que o nosso preparador físico nunca havia trabalhado com futebol, mas sim em esportes de luta e na caça submarina. Chegava a hora de uma mudança! Já na Europa, as seleções eram treinadas com base em um novo método de treinamento, chamado treinamento em circuito, criado por um belga. Quatro seleções européias (Inglaterra, Alemanha, Portugal e Polônia) ocuparam os quatro primeiros lugares. (BARROS, 1990) apud Cunha (2003, texto digital)
   Gonçalves (1998) apud Cunha (2003) cita o que a Copa da Inglaterra em 1966 foi um marco para a preparação física. Foi criado um novo sistema de marcação, o homem a homem e nesse sistema era fundamental a importância dos jogadores terem um ótimo condicionamento físico.
    A partir do ano de 1968 começou a ter uma evolução maior na ciência do treinamento desportivo, acarretando num desenvolvimento em maior velocidade dos métodos de preparação física no futebol.
   Conforme Giglio (2003, p. 63) em pesquisa realizada com técnicos de futebol profissional, foi constatado que a principal mudança no futebol foi o desenvolvimento da parte física.

BIBLIOGRAFIA:
- CARRAVETA, E. “Modernização da gestão no futebol brasileiro: Perspectivas para a qualificação do rendimento competitivo.” Porto Alegre, RS. Editora AGE, 2006.
- GIGLIO, S. S. “Futebol, cultura e sociedade.” Campinas, São Paulo. Editora Autores Associados. 2005.
- CUNHA, Fábio. “Histórico e importância da preparação física para o futebol no Brasil”. Disponível em http://www.efdeportes.com/efd63/brasil.htm 

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