terça-feira, 20 de dezembro de 2011

         Header Selo Arena do Grêmio desvendada (Foto: GLOBOESPORTE.COM)          

     A carteirinha de sócio mora no bolso de Luiz Carlos Melgarejo há pelo menos 25 anos. O pequeno empresário de 64 anos jura não perder jogos no Olímpico, mas, sem apego ao passado, está ansioso pela conclusão do novo estádio do clube. Já foi pelo menos três vezes este ano às obras no bairro Humaitá, em Porto Alegre. Tanta dedicação está prestes a ser recompensada. Mas o agrado dispensará a frieza da tela de um computador ou a eterna espera num atendimento via telefone. O Grêmio promete abrir os portões da Arena para o torcedor escolher o seu lugar no novo estádio do clube. Nesse passeio pelo futuro, o gremista terá a exata visão de todos os setores para fazer a sua opção.
     Vale reforçar: o privilégio será dos sócios, caso do seu Luiz Carlos. A iniciativa deve começar em março, quando o quarto e último anel já deverá estar em construção. Antes, porém, todas as mudanças nos planos dos sócios passarão pelo Conselho Deliberativo.
Na quarta-feira, a história dos operários que erguem a Arena
    Depois disso, os 63 mil associados em dia com o clube serão convocados por meio de um “rigoroso” critério de antiguidade, avisa o presidente da Grêmio Empreendimentos, Eduardo Antonini.
Torcedor na Arena (Foto: Reprodução)Luiz Carlos Melgarejo em mais uma visita a Arena: expectativa pelo fim das obras







Os sócios terão seus direitos serão preservados. Os patrimoniais, contribuintes e proprietários, por exemplo, poderão ingressar na Arena pelo custo da mensalidade, como funciona no Olímpico. Os sócios torcedores também mantêm o padrão. Seguirão pagando um determinado custo pelo bilhete, além do valor mensal (veja mais detalhes sobre a futura condição dos sócios no quadro abaixo).
Tipo de planoComo deve ficar na Arena
Sócios patrimoniais, contribuintes, locatários e proprietários
Assim como no Olímpico, poderão entrar nos jogos sem pagar ingresso. A mensalidade basta.
Sócios torcedores

Poderão ingressar nos jogos pagando, além da mensalidade, um determinado custo pelo bilhete, como é hoje.
Sócios remidos

Deverão ser acomodados nas 2 mil cadeiras próprias que o Grêmio adquiriu com o aditivo de R$ 65 milhões, acordado em agosto.
Sócios dependentes

Serão os mais afetados. Hoje, pagam mensalidade nos meses em que vão a jogos. Na Arena, terão duas opções: serem sócios contribuintes ou sócios torcedores.
     As opções de mensalidades, no mínimo, dobrarão. No Olímpico, o sócio depara com valores fixos independentemente da posição do assento. Na Arena, haverá duas alternativas de preço para cada anel. No centro, o preço é mais caro e atrás do gol, o torcedor paga menos. A hierarquia sofrerá uma revolução em relação ao Olímpico, alinhada com a experiência europeia. Quanto mais perto do gramado, mais caro será o ingresso ou o plano para os sócios.
    A exceção fica reservada ao espaço destinado à torcida Geral. Em jogos sem supervisão da Fifa, 10 mil lugares atrás de uma das goleiras (Setor Norte) ficarão sem cadeiras para a prática da “avalanche”. Ali, o acesso doerá menos no bolso, mesmo que esteja no cobiçado anel inferior. Ainda não está definido o critério de acesso para esse espaço especial. Nos demais, o sócio terá o poder de escolher a cadeira em que irá assistir aos jogos. Sócio patrimonial, Luiz Carlos Melgarejo, por exemplo, adianta que deseja um local semelhante ao da Social do Olímpico.
- Não haverá uma transposição forçada dos lugares do Olímpico. O sócio vai escolher onde quer ficar - explica Antonini, em tom tranquilizador. - Haverá lugar para todos.
     Além do primeiro e quarto aneis, há, entre eles, as cadeiras gold (cerca de 8 mil) e 130 camarotes (com capacidade para 2,7 mil pessoas). Antonini adianta que as cadeiras gold reservam tantas regalias e conforto que irão superar os camarotes do Olímpico. Terão acesso direto a estacionamentos e restaurantes. Dado o preço elevado que se estima, a tendência é que a venda se restrinja a grandes empresas que costumam convidar parceiros para os jogos.
Sócios podem faturar sem ir ao jogo
Arena do Grêmio (Foto: Reprodução)A disposição dos setores na Arena (Foto: Reprodução)
      Com o número de associados (63 mil) já superior à capacidade da Arena (60,5 mil), o Grêmio prepara um sistema informatizado para evitar lugares vazios no estádio. O sócio que não for a um determinado jogo comunicará a sua ausência pela internet. Será uma espécie de parceria. Se o local for adquirido por outro torcedor, esse sócio receberá 50% dos lucros da venda - valor a ser abatido de sua mensalidade. Antonini se inspira no modelo do Barcelona, que conta com 170 mil sócios atualmente e vê a cada rodada o Camp Nou mais repleto.
    - Há sempre uma procura grande por ingressos e uma capacidade de venda pequena. Esse sistema ajuda o clube e o torcedor - compara, lembrando que não haverá diferença de preços na mensalidade entre sócios de Porto Alegre e Interior.
Mosaico nas cadeiras? O fã escolhe
Conclusão
Novembro de 2012
Estágio atual
42% concluída
Capacidade
Até 60,5 mil
Custos
R$ 600 milhões
 
     Da escolha de cadeiras à chance de “vendê-las” por um jogo, é notória a interação que a torcida terá com a Arena - sem contar os 30 mil metros quadrados previstos para lojas. O próximo passo é questionar os fãs sobre as cores dos assentos. A enquete, que será realizada em janeiro, terá duas opções: cadeiras completamente azuis ou configuradas como um mosaico de cores, incluindo o preto e o branco.

     O sócio pode quase tudo. Em uma questão, no entanto, ficará alijado de participar. No nome comercial da Arena, a palavra final será de quem pagar pelos chamados “naming rights”. Para uma empresa ter o seu nome atrelado ao novo estádio gremista, será necessário pagar de R$ 10 a R$ 12 milhões por ano ao clube.

     - O Grêmio vai entrar no cenário mundial - vibra Luiz Carlos.
    Aos que não são sócios como Luiz Carlos, um alerta. A previsão do Grêmio é de Arena sempre cheia, sobretudo pela novidade que será nos primeiros anos. Com isso, quem não tiver uma carteirinha à mão pode ter que depender da ajuda de uma televisão ou do velho radinho. Ou ainda, quem sabe, da frieza da tela de um computador.
Globoesporte - (Foto: Reprodução)

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