A rivalidade Gre-Nal já atravessou cem anos e só se fortalece. É capaz inclusive de ditar os rumos da moderna construção da Arena, o futuro estádio do Grêmio. Renomados conselheiros se empolgam em pensar numa longa era de invencibilidade em clássicos na nova casa. E a certeza vem da força das arquibancadas. Uma das prioridades do clube é fazer da torcida protagonista nas partidas. Os gremistas, portanto, que se preparem: eles praticamente entrarão em campo. Preços acessíveis e pouca distância para o gramado surgem como fatores suficientes para atrair 40 mil gremistas por jogo ao Bairro Humaitá.
A previsão parte do presidente da Grêmio Empreendimentos, Eduardo Antonini. E a nova meta de público não é chute. Foi calcada em pesquisas realizadas por outros clubes que construíram novos estádios.
– Em média, o número de torcedores dobrou com o novo estádio. É o que esperamos que aconteça com a Arena – analisa.
O preço dos ingressos no primeiro e quarto anéis corresponderão aos preços populares trabalhados no Olímpico. Nas cerca de 8 mil cadeiras gold (VIP) e nos 130 camarotes com capacidade para 2,7 mil pessoas, no entanto, o custo será alto. O estádio comporta até 60,5 mil pessoas - marca aproximada ao número de associados em dia com o clube atualmente, cerca de 63 mil gremistas.
Com 42% da obra concluída, já é possível perceber a imponência do estádio. Os quatro anéis estão sendo dispostos para alcançar uma altura total de 56 metros. Será um campo íngreme, uma “Bombonera de luxo”, como definiu o presidente Paulo Odone em recente visita às obras. Informal, de camiseta polo azul e capacete de segurança, o presidente não disfarçou o encantamento com a velocidade das obras - a intenção agora é conseguir uma evolução pouco superior a 1% por semana.
A pressão da torcida virá sobretudo dos lados. A distância dos fãs para o gramado será de apenas 10 metros - no Olímpico, é de 42. Não haverá fosso. A separação deve ocorrer por uma tela de acrílico com cerca de dois metros. Em dias de jogos mais quentes, como um Gre-Nal, o clube estuda erguer uma espécie de rede atrás das goleiras, mais altas que a tela de acrílico. A intenção é evitar que algum objeto seja arremessado ao campo.
- No Camp Nou, o Barcelona faz exatamente isso nos jogos contra o Real Madrid - compara Antonini, que planeja para 2012 um forte trabalho de conscientização dos torcedores contra o mau comportamento.
Geral com moral
Para que a torcida seja decisiva, como sonham dirigentes e conselheiros, é preciso ter, além de bons preços e distância reduzida, a certeza de que haverá público capaz de pressionar os oponentes. Uma das medidas foi não se desfazer da Geral - torcida que, desde 2001, se coloca atrás de uma das goleiras, cantando o tempo inteiro e fazendo a “avalanche” após os gols, aos moldes argentinos.
A Arena será completamente revestida por cadeiras, mas contará com um espaço em que elas serão retiradas em partidas sem a supervisão da Fifa. Serão 10 mil lugares destinados ao “geraldinos”. Localiza-se no chamado Setor Norte do estádio, onde haverá um anel a menos, sem as cadeiras gold. Para se ter uma ideia do simbolismo da torcida, o clube começou a erguer a estrutura das arquibancadas justamente pela Geral.
- Temos uma referência na Alemanha e outra na Grecia, mas o conceito em nossa Arena é inédito - avaliou Antonini.
Conclusão | Novembro de 2012 |
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Estágio atual | 42% concluída |
Capacidade | até 60,5 mil |
Custos | R$ 600 milhões |
Outro componente importante foi preservado. Os torcedores poderão entrar com instrumentos, faixas e bandeiras, como é hoje no Olímpico. Não está definida ainda a forma de acesso - se será dado ao sócio, por exemplo, a prioridade de entrar na Geral, assim como acontecerá com os demais setores.
- Vai ser um “bafo” complicado para os outros - projeta Odone, em referência à pressão sobre os adversários.
Os jogadores já aprovaram o apoio incondicional que deverão receber na Arena. No início de novembro, todos os atletas do grupo profissional visitaram as obras e ficaram impressionados com a futura interação com os torcedores.
- Olha, ali termina o campo e já começa a arquibancada - observou, na ocasião, o meia Lúcio.
Aos que estão preocupados com um eventual incômodo da torcida rival, uma boa notícia. Os torcedores adversários serão acomodados na parte superior.
Aditivo para “vencer” Gre-Nal
Antes do dia 29 de agosto, o cálculo da capacidade total da Arena estava em 56 mil lugares. Mas, com um aditivo de R$ 65 milhões no contrato de construção, aprovado pelo Conselho Deliberativo, o estádio passou a contar com mais 4 mil novas cadeiras, pondendo abrigar até 60,5 mil pessoas.
A partir da medida também foi possível encurtar ainda mais a distância entre fãs e jogadores - passou de 14,7 metros para os 10 metros atuais o espaço entre o primeiro anel e o campo. Poucas diferenças? Que nada. É um oceano na encrespada rivalidade entre Grêmio e Inter.
— Será o maior e melhor estádio do Rio Grande do Sul — vibra Antonini, em referência ao Beira-Rio, que não passará de 59 mil lugares após a reforma.
A Arena ainda não está pronta. Mas o primeiro Gre-Nal no novo estádio já começou.
(Foto: Juliano Kracker, Divulgação) -(Foto: Divulgação) - Globoesporte
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