sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

"Quando a torcida do Inter canta meu nome, arrepia", declara D'Alessandro

                            "Quando a torcida do Inter canta meu nome, arrepia", declara D'Alessandro Valdir Friolin/Agencia RBS

     Virou romance a relação de D'Alessandro com os colorados. Se a arquibancada canta o nome e idolatra o argentino, a recíproca vem na mesma medida. Em entrevista concedida em sua casa, o meia se regozija com o momento no Beira-Rio e adaptação à vida em Porto Alegre.
      O River Plate, pelo qual jogou dos 10 aos 22 anos, é o clube do coração. Mas o Inter já ocupa lugar de destaque. Com contrato renovado até 2015, não mostra desejo de mudança. Coloca como projeto de longo prazo a volta à seleção e a Copa de 2014 a partir de conquistas pelo Inter. A curto prazo, há a Libertadores, competição à qual os argentinos emprestam matizes de Mundial.
O ainda pequeno D'Alessandro (D) com o então técnico Aníbal Gomez, o Tori  
   Os amigos próximos atestam a felicidade do argentino. Aníbal Goméz, o Tori, conheceu D'Alessandro aos quatro anos. Viu o canhotinho franzino entortar a gurizada na sua escolinha e seu olho clínico o pinçou. Virou o primeiro técnico do craque e seu mentor. É com ele que D'Alessandro conversa quase sempre depois dos jogos, em busca de uma avaliação ou de uma palavra amiga.

      Com a autoridade de quem viu D'Ale dar o "La Boba" ainda pirralho, Tori garante: o camisa 10 se encontrou em Porto Alegre, está feliz e se sentindo em casa no Beira-Rio.
      — Ele está bem, me disse que renovou. Conheço Andrés, podem ficar certos: ele está bem lá em Porto Alegre, muito bem — diz Tori, na porta de sua escolinha no bairro de Liniers, em Buenos Aires.
     Na entrevista a seguir, D'Alessandro fala de futebol, da vida em Porto Alegre e de seu comportamento. Confira.

Louco por futebol    
D'Alessandro: futebol o tempo todo
      "Vejo jogos de Portugal, do Brasil, da Inglaterra. Ligo a TV e vejo futebol. Sou fanático, sou doente. Chego ao extremo de todos os dia ver futebol. Não me incomoda. Se hoje tem três jogos do Argentino, vejo todos. Se a gente joga domingo, na concentração, vejo jogos na TV. Gosto de ver futebol. Meu pai e minha mãe sempre gostaram muito também, aprendi com eles".

Longevidade no Inter

     "Para mim, é muito tempo. Penso nisso também. Não consegui ficar quatro anos em nenhum clube pelo qual passei. No River, fiquei três anos como profissional. O Inter é o clube que pelo qual mais joguei. No River, foram 99 jogos. No Inter, foram mais de 150 (162 jogos e 36 gols). Cheguei a Porto Alegre como a qualquer outro lugar, como na Alemanha, na Inglaterra. Claro, a cultura gaúcha não é tão diferente da argentina. Mas me ajudou muito encontrar um clube muito bom, com uma diretoria que me ajudou muito. Cheguei a um time que era excelente, que tinha Alex, Magrão, Marcão, Bolívar, Álvaro, Clemer, Nilmar, Sandro, Taison. Se não tivéssemos conquistado a Sul-Americana de 2008 não sei se meu processo de adaptação seria tão bom. Acho que tudo isso ajudou muito. Depois, gostei da cidade, das pessoas, dos amigos. A gente vai se acomodando".

A vida em Porto Alegre
      "Estou confortável, estou bem na cidade. Às vezes, não dá para ir a Buenos Aires e nem lamento. Fico em Porto Alegre mesmo. Janto com amigos, fazemos um churrasco com Guiñazu, Bolatti. Eu estou bem, o Inter ganhou um lugar muito importante na minha carreira e na minha vida. Depois do River, é o Inter".

A rivalidade com o Grêmio



"Consegui me adaptar com o torcedor, tanto com 
o gremista quanto com o colorado"

      "Não poderia jamais jogar no Grêmio. É como se perguntasse se jogaria no Boca. É impossível. Não tem dinheiro que mexa com o carinho, o respeito e a relação que conquistei no clube. Já seria difícil sair do Inter para outro clube, imagina para o Grêmio. Não conseguiria. E para sair do Beira-Rio teria que ser algo muito bom para minha família e para mim".

A torcida rival

         "Atendo sempre ao torcedor. Consegui me adaptar com o torcedor em Porto Alegre. Tanto com o gremista quanto com o colorado. O gremista hoje me cumprimenta. para e me fala: 'Sou gremista mas gosto do teu futebol, tu jogas bem, gostaria que estivesse no meu time'. Isso é legal. Muito além da rivalidade, há algo universal, que é gostar do futebol. Tirar a camisa azul ou vermelha e gostar do futebol. Tem gente que consegue isso. Mas tem gente que não, é burra".

Maturidade

"Continuo aprendendo. Estou melhor do que ontem" 
Foto: Luiz Armando Vaz

       "Eu estou mais tranquilo, mais sossegado. Tenho o exemplo do que aconteceu nas últimas duas rodadas. Eu rio, meus amigos me comentam. Todos sabiam que estava pendurado, poderia tomar o cartão contra o Flamengo. Mas não reclamei nenhuma vez. Mas porque sabia que poderia ficar fora do Gre-Nal. Sei quando chego ao limite ou não. Comando minha cabeça. No futebol, cheguei a 12 anos de carreira e aprendi. Na verdade, continuo aprendendo. Estou melhor do que ontem".

A torcida do Inter


"Quando a torcida do Inter canta meu nome, arrepia"
Foto: Mauro Vieira

      "Quando a torcida do Inter canta meu nome, arrepia. Sou argentino e conquistar o povo brasileiro e uma torcida não é fácil. Aliás, acho que ainda não conquistei totalmente a torcida do Inter. Tomara que continue neste caminho, cativando-os e conquistando títulos. Acho que entrei bem no clube, os resultados ajudam muito. Meu objetivo continua ser dar essa alegria para o torcedor colorado".

Copa no Brasil


      "Acho que poderia ter tido mais oportunidades na seleção para poder estar na Copa de 2010. Não posso falar que tinha de estar na lista porque não tive chance de mostrar. Acho que merecia essa chance. Meu objetivo maior no futebol hoje é jogar um Mundial. É o que falta. Claro que quero continuar com títulos no Inter. Primeiro vem o trabalho no Inter e ele vai me levar a ter essa chance para a Copa 2014. Não me levou em 2010, embora acho que merecesse mais chances. Maradona convocou muitos jogadores, não sei exato, por isso ficou um gostinho amargo. Me cuido, vivo para minha famíla e para o futebol. Meu foco é isso, família e futebol".
Zero Hora Esportes

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